










Segundo Reinado é um período da história do Brasil que compreende 49 anos, do final do período regencial (1831-1840) à proclamação da República do Brasil (1889).
Iniciou em 23 de julho de 1840, com a declaração de maioridade de Pedro de Alcântara, e teve o seu término em 15 de novembro de 1889, quando a monarquia constitucional parlamentarista vigente foi derrubada pela proclamação da república brasileira.
É historicamente incorreto referir-se a este período como "segundo império", já que o Brasil teve um único período imperial contínuo, dividido em primeiro e segundo reinado.
O Segundo Reinado foi uma época de grande progresso cultural e de grande significância para o Brasil, com o crescimento e a consolidação da nação brasileira como um país independente, e como importante membro entre as nações americanas.
Foi uma época de solidificação do exército e da marinha, culminando na Guerra do Paraguai em 1870, e mudanças profundas na situação social, como a gradativa libertação dos escravos negros e o incentivo de imigração para a se juntar à força de trabalho brasileira. No ano de 1840, com apenas quinze anos de idade, Dom Pedro II foi lançado à condição de Imperador do Brasil graças ao expresso apoio dos liberais.
Nessa época, a eclosão de revoltas em diferentes partes do território brasileiro e a clara instabilidade política possibilitaram sua chegada ao poder. Dali em diante, ele passaria a ser a mais importante figura política do país por praticamente cinco décadas. Para se manter tanto tempo no trono, o governo de Dom Pedro II teve habilidade suficiente para negociar com as demandas políticas da época. De fato, tomando a mesma origem dos partidos da época, percebeu que a divisão de poderes seria um meio eficiente para que as antigas disputas fossem equilibradas.
Não por acaso, uma das mais célebres frases de teor político dessa época concluía que nada poderia ser mais conservador do que um liberal no poder. Esse quadro estável também deve ser atribuído à nova situação que a economia brasileira experimentou. O aumento do consumo do café no mercado externo transformou a cafeicultura no sustentáculo fundamental da nossa economia. Mediante o fortalecimento da economia, observamos que o café teve grande importância para o desenvolvimento dos centros urbanos e nos primeiros passos que a economia industrial trilhou em terras brasileiras. Vivendo seu auge entre 1850 e 1870, o regime imperial entrou em declínio com o desenrolar de várias transformações.
O fim do tráfico negreiro, a introdução da mão de imigrante, as contendas com militares e religiosos e a manutenção do escravismo foram questões fundamentais no abalo da monarquia. Paulatinamente, membros das elites econômicas e intelectuais passaram a compreender a república como um passo necessário para a modernização das instituições políticas nacionais. O primeiro golpe contundente contra D. Pedro II aconteceu no ano de 1888, quando a princesa Isabel autorizou a libertação de todos os escravos. A partir daí, o governo perdeu o favor dos escravocratas, último pilar que sustentava a existência do poder imperial. No ano seguinte, o acirramento nas relações entre o Exército e o Império foi suficiente para que um quase encoberto golpe militar estabelecesse a proclamação do regime republicano no Brasil.

Barão de Mauá
Irineo Evangelista de Souza, mais conhecido pelos títulos de nobreza de Barão e Visconde de Mauá, representou na história do segundo reinado, importantíssimo papel como homem de excepcional visão nos setores comercial e industrial do Brasil.
Irineo Evangelista de Souza nasceu em Arroio Grande, município de Jaguarão-RS, em 28 de dezembro de 1813. Órfão de pai, viajou para o Rio de Janeiro-RJ em companhia de um tio, capitão da marinha mercante. Aos 11 anos empregou-se como balconista de uma loja de tecidos. Em 1830 passou a trabalhar na firma importadora de Ricardo Carruthers, que lhe ensinou inglês, contabilidade e a arte de comerciar. Aos 23 anos tornou-se gerente e logo depois sócio da firma.
Em 1839, Irineo voltou ao sul para buscar sua mãe, irmã e sobrinha, Maria Joaquina de Souza Machado, com quem se casou dois anos depois, ela com 15 anos, tiveram 18 filhos dos quais sobreviveram 10.
A viagem que fez à Inglaterra em busca de recursos, em 1840, convenceu-o de que o Brasil deveria caminhar para a industrialização. Alguns anos mais tarde, inspirado no que havia visto, decidiu liquidar seu estabelecimento comercial e comprar uma fundição localizada na Ponta da Areia, em Niterói, onde funcionava também um pequeno estaleiro. Justificando essa aquisição, disse: “ A indústria que manipula o ferro, sendo mãe de todas as outras, me parecia o alicerce da aspiração”.
Em 1845 Irineo tomou a frente do ousado empreendimento de construir os estaleiros da Companhia Ponta da Areia, com que iniciou a indústria naval brasileira. Lá também fabricaram-se os encanamentos destinados aos rios Maracanã e Andaraí Grande e os lampiões de ferro destinados à iluminação a gás na cidade do Rio de Janeiro. No estaleiro, durante a administração de Irineo, foram fabricados 72 navios, dos quais muitos tiveram participação ativa nas guerras platinas.
Como banqueiro iniciou sua atividades em 1851, quando fundou, na cidade do Rio de Janeiro, o Banco do Brasil. No entanto, ao perceber que a organização fugia dos objetivos para os quais fora criada, isto é, servir a nação, Irineo recusou o cargo de diretor e tratou de fundar seu próprio estabelecimento – a Casa Mauá Mac Gregor & Cia, que começou a operar em 1854 com grande acolhida do comércio. Nesta época, Irineo era o maior empresário e um dos maiores financistas do Império.
Em 1852, Irineo negociou com o governo imperial a concessão para a construção da primeira estrada de ferro do Brasil.
A inauguração oficial da E.F. Mauá se deu em 30 de abril de 1854. Sua denominação partiu de D. Pedro II, mas na verdade seu nome oficial era Imperial Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro Petrópolis. Tinha uma extensão de 14,5 km, e seu trecho inicialmente era compreendido entre a Praia da Estrela e Fragoso, no Estado do Rio de Janeiro. Em 16 de dezembro de 1856, finalmente a ponta dos trilhos chegava à Raiz da Serra, ficando assim a ferrovia com 15,19 km.
Em virtude desse empreendimento, Irineo Evangelista de Souza foi agraciado com o título nobiliárquico de Barão de Mauá, por ser Mauá o nome do antigo Porto da Estrela.
Outros feitos importantes de Mauá foram: a incorporação da Cia de Navegação e Comércio do Amazonas, mediante Decreto de 1852, que lhe concedeu o privilégio exclusivo de 30 anos para explorar a navegação naquele rio; a construção da Estrada de Ferro Santos – Jundiaí, mais tarde chamada São Paulo Railway. Esta empresa foi um dos grandes motivos de sua falência, por não ter sido reembolsado na quantia que havia emprestado.
Em 1872 explorou o serviço de telégrafo entre Brasil e Portugal, recebendo o título de Visconde de Mauá.
Em 1875, o Visconde tentou junto ao Banco do Brasil um empréstimo para saldar suas dívidas, porém só conseguiu uma moratória de 3 anos. Começa a enfrentar dificuldades financeiras e em 1878 decreta falência. Em 1884 consegue a sua reabilitação comercial, após pagar as dívidas.
Mauá morrera a 21 de outubro de 1889, aos 75 anos, de diabetes, menos de um mês antes da queda do Império para cujo desenvolvimento, no terreno dos transportes, tanto havia trabalhado e sofrido. Seus despojos mortais foram levados de Petrópolis para o Rio de Janeiro e assim, "na sua última viagem, num trem da The Rio de Janeiro & Nortern Railway, o corpo do Visconde de Mauá atravessa, frio e inerte, a estrada de ferro à qual, nos ardentes dias de entusiasmo industrial, ele dera a vida". Foi enterrado no cemitério da Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco, no Catumbi.
Apesar da insuficiência de recursos e incompreensão dos homens, Mauá deixou aos brasileiros um forte exemplo de determinação, de espírito empreendedor e de confiança em nosso país.
"Para recriarmos a História, precisamos conhecê-la. Para atingirmos a Paz, devemos merecê-la. A política da Paz é o único caminho para esse mundo novo se tornar real. " - Cris Gouvêa
